Nada mais natural do que uma criança que mexe em tudo, afinal explorar o ambiente à sua volta faz parte do desenvolvimento. Para que isso não vire uma tragédia, porém, é preciso que pais e responsáveis saibam que muitos dos acidentes na infância ocorrem dentro de casa e poderiam ter sido evitados com medidas simples de segurança. Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, a maioria das quedas até os 9 anos de idade, por exemplo, se deu no lar doce lar.
"É muito fácil prevenir, com hábitos que parecem óbvios e simples, mas que podem salvar vidas ou evitar que crianças vivam com sequelas de um acidente", alerta a cirurgiã pediátrica Simone de Campos, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e membro da ONG Criança Segura. Cabe, portanto, ao adulto, garantir um ambiente seguro à criança, que nunca deve ficar sozinha em casa ou ser cuidada por outras crianças.
"Os pequenos aprendem com o exemplo dos pais. São eles que precisam orientar os filhos sobre precauções com a segurança dentro e fora de casa", afirma. Parecem bobos e sem importância, mas os cuidados precisam fazer parte do dia-a-dia de forma preventiva, como uma vacina. Confira as principais orientações:
1.
Instale grades ou redes de proteção nas janelas, sacadas e mezaninos.
2.
Não deixe cadeiras, camas e bancos perto de janelas, pois as crianças podem escalar e se debruçar. O mesmo vale para móveis baixos perto de estantes e armários altos.
3.
Instale portões de segurança no topo e pé das escadas. Se a escada for aberta, opte por redes ao longo dela.
4.
Cuidado com chão liso e tapetes. Não encere o piso e providencie antiderrapantes nos tapetes para evitar escorregões. Na maioria das quedas infantis atendidas nos postos do SUS, as crianças caíram do mesmo nível, ou seja, as quedas foram causadas por tropeções, pisadas em falso ou desequilíbrios.
5.
Oriente seu filho a brincar em locais seguros. Escadas, sacadas e lajes não são espaços de lazer.
6.
Crianças com menos de 6 anos não devem dormir em beliches. Se não houver outro local, instale grades de proteção nas laterais.
7.
O uso de andadores não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, pois pode comprometer o desenvolvimento e causar sérias quedas.
8.
Quando for trocar fralda, mantenha sempre uma mão segurando o bebê. Nunca deixe um bebê sozinho em mesas, cama e outros móveis, mesmo que seja por um instante.
9.
Proteja as tomadas com protetores específicos , baratos e facilmente encontrados em home centers, supermercados e lojas de produtos infantis. Além disso, oriente seu filho a não colocar o dedo na tomada, pois ele pode frequentar outros locais que não tenham a proteção. Cuidado: as queimaduras elétricas podem ser graves, expondo a criança ao risco de morte e seqüelas.
10.
Não deixe o ferro de passar quente ao alcance da criança, mesmo que esteja desligado.
11.
Os cabos das panelas devem ficar virados para dentro do fogão.
12.
Use protetores nas portas para evitar que a criança prenda a mão ou dedos.
13.
Para uma criança se afogar, bastam 2,5 cm de profundidade. Cuidado, portanto, com água em baldes e tanques, além de vasos sanitários e piscinas sem proteção adequada.
14.
Teste a temperatura de alimentos líquidos e sólidos antes de oferecer à criança.
15.
Antes do banho, teste a temperatura da água da banheira com a parte interna do cotovelo.
16.
Nunca deixe remédios ao alcance das crianças, nem faça associação de medicamentos com balas e doces.
17.
Não coloque produtos de limpeza em embalagens de alimentos e refrigerantes. A criança pode confundir e ingerir. Evite também deixá-los na parte de baixo de pias e armários.
ACIDENTES COM BRINQUEDOS
As dicas para evitar acidentes durante a brincadeira são as seguintes:
- Verifique a faixa etária. Não dê brinquedo para crianças menores da idade recomendada;
- Retire o brinquedo da embalagem antes de dar a criança (principalmente sacos plásticos que podem causar asfixia);
- Inspecione os brinquedos regularmente à procura de danos e potenciais riscos tais como pontas afiadas e arestas;
- Evite brinquedos com pontas e bordas afiadas, que produzem sons altos e que apresentem projéteis, como dardos e flechas;
- Certifique-se de que os brinquedos serão usados em ambientes seguros. Brinquedos dirigidos pela criança não devem ser usados próximos a escada, rua, piscina, lago, etc;
- Ensine as crianças a guardarem seus brinquedos após a brincadeira. Um local seguro para guardar previne quedas e outros acidentes. Brinquedos para crianças maiores podem ser perigosos para os menores e devem ser guardados separadamente;
- Brinquedos que contém pilhas precisam de cuidados redobrados. Elas devem ser trocadas sempre por adultos, tomando a devida atenção com a polaridade marcada dentro do compartimento de pilhas do brinquedo. Se as pilhas estiverem semi-usadas, há possibilidade de esquentar o equipamento, explodir e ocorrer vazamento das mesmas. Por isso, o ideal é não misture pilhas velhas com pilhas novas para não se confundir, nem as alcalinas com pilhas padrão (carbono-zinco) ou recarregáveis.
- Tome o cuidado de manter o brinquedo e todos os fios longe da luz direta do sol, umidade, água, fontes diretas de calor e de raios ultravioletas. Manter o brinquedo bem conservado também ajuda e evitar acidentes. “Não se deve deixá-los na intempérie, pois a chuva e a umidade produzem oxidação e danos que aceleram os riscos de acidente”, orienta Aires Fernandes.
- Ensine a criança a guardar seus brinquedos em locais apropriados. Explique que, além de não se perderem, pode-se evitar que caiam nas mãos dos irmãozinhos menores que podem se machucar com brinquedos desenhados para mais velhos. Isto criará também um senso de responsabilidade na criança.