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A pedagoga do Colégio Renovatus, Márcia Trevisan Correa, trabalha com jovens há 30 anos e elogia a postura da mãe, mas faz um alerta. “É correto oferecer essa recompensa desde que o jovem saiba que isso é parte de um orçamento familiar e não uma troca. Do contrário, esse jovem vai exigir uma espécie de prêmio para tudo o que for fazer na vida”, explica.
A profissional afirma que atualmente os pais se recusam a pedir ajuda dos filhos por permanecerem boa parte do tempo no trabalho e fora do convívio da família. “No caso dos adolescentes a situação ainda é mais complicada. Depois dos 11 ou 12 anos, esses jovens podem ter suas tarefas domésticas ampliadas. Paralelamente, eles começam a entrar na fase da rebeldia, querem mais tempo no computador e pedem para sair com os amigos”, diz. De acordo com Márcia, é preciso ter paciência e impor uma rotina.
A fotógrafa Valéria Abras é mãe de Flora, de 12 anos. As duas dividem todos os serviços de casa e a moeda de troca para que a filha participe desta rotina e se comporte bem é o computador. “Há cerca de um ano comecei a pedir ajuda da minha filha para funções simples, como lavar a louça. Hoje trabalhamos com um calendário: intercalamos a louça e, aos finais de semana, fazemos a faxina. Ela escolhe os cômodos que gostaria de limpar”, conta. Valéria também deu outra atribuição à Flora: a menina é quem escolhe a “trilha sonora” da limpeza. “Não é um momento chato para nenhuma das duas”, diz a mãe.
Sem ajuda
A designer gráfica Léa Macedo é mãe de Júlia, de 11 anos, e Rafael, de 18. Jura que já tentou de tudo para fazer os filhos ajudarem em casa, porém até hoje nada deu certo. “Eles não fazem absolutamente nada, eu e meu marido tomamos conta de tudo. Até chego a pedir, mas como eles sempre enrolam, acabo perdendo a paciência e eu mesma faço. O meu filho mais velho ainda espera até hoje eu chegar do trabalho para esquentar o leite à noite”, conta. Léa diz se preocupar com o futuro do primogênito. “Quando ele for fazer faculdade, não vai saber se virar sozinho pois nunca na vida fez qualquer tipo de atividade doméstica”, lamenta.
A psicanalista Fabiana Rovigatti Malacrida afirma que a adolescência é o período de última formação de caráter e os pais devem colaborar, deixando de vê-los como crianças. “Os pais não precisam ficar repetindo o que eles já sabem, o que pode irritá-los ao extremo. Para essa fase, é bem-vindo o acolhimento dos pais”, enfatiza. Esta postura, segundo a psicanalista, pode contribuir para os adolescentes automaticamente passarem a assumir mais responsabilidades dentro de casa.
12 passos para envolver seu filho nas tarefas domésticas
A professora de psicologia Dayse Maria Mota Borges, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, e a pedagoga Márcia Trevisan orientam os pais com dicas simples de como fazer os filhos ajudarem nas tarefas do dia a dia.
1. Deixe seu filho escolher a atividade
O melhor é descobrir o que o adolescente gosta de fazer dentro das tarefas de casa. Ele deve saber que sua participação é de extrema importância e os adultos precisam de sua ajuda. Com alguma conversa honesta, muitos pais irão se surpreender com as atitudes de seus filhos.
2. Elogie o trabalho
Mostre que a colaboração do adolescente é de fundamental importância. Todo mundo gosta de ser valorizado por seus atos e com os adolescentes não é diferente. Nunca menospreze, por pior que seja, uma tarefa que tenha sido feita por eles, mas converse e procure mostrar que é possível de melhorar.
3. Determine um horário junto com ele
Consulte-o antes de decidir qual o melhor horário para ele fazer as tarefas domésticas. Deixe que ele decida a que horas quer varrer a casa, molhar as plantas ou tirar o lixo. O momento e a responsabilidade são dele.
4. Aumente as possibilidades de uso da cozinha
Em vez de obrigar o jovem a lavar ou secar a louça, incentive-o a aprender a cozinhar. Esse interesse e sua permissão supervisionada estimulam o adolescente.
5. Mantenha as regras dele no quarto
Mesmo que a mãe se descabele por causa da bagunça, a psicóloga sugere não mexer no quarto do adolescente. O jovem vai saber o momento certo de arrumá-lo. Como o local é responsabilidade dele, a mãe não deve arrumá-lo. Uma dica é deixar a cargo do jovem a responsabilidade da troca dos lençóis da cama - isso estimulará o cuidado do local, já que ninguém gosta de dormir em lençóis sujos.
6. Ignore as roupas espalhadas pela casa
Não mexa, nem peça para ele pegar as roupas. O adolescente vai perceber que está fazendo errado quando quiser vestir e não encontrar a peça. Ao reclamar, converse calmamente e diga que, caso estivesse no cesto para lavar, com certeza a roupa estaria pronta para ser usada novamente. Isso fará o adolescente criar o costume de colocar a roupa no local certo.
7. Ignore as toalhas deixadas fora do lugar
É comum os jovens deixarem roupas e toalhas molhadas no banheiro. A sugestão é a mesma do quarto: não mexa. Deixe a toalha no chão e as roupas também. Quando ele for precisar novamente, vai se deparar com o objeto no chão. O único prejudicado é ele.
8. Dê opções para tarefas nas áreas externas
Veja se ele prefere lavar o quintal, varrer ou juntar o cocô do cachorro. Dê a escolha para o jovem. E se ele quiser fazer revezamento, melhor ainda.
9. Deixe na mão dele
Evite tratar seu filho adolescente como criança. Ele já é capaz de arrumar suas próprias roupas e de fazer um lanche quando estiver com fome. Tratar o jovem como um bebê vai prejudicá-lo no futuro. Quando for morar sozinho para estudar, por exemplo, não saberá sequer fritar um ovo.
10. Negocie trocas
Fazer os filhos ajudarem em casa e empregar o dinheiro que seria usado em faxinas para o lazer em família também pode ser uma boa tática. Quando mais eles ajudarem, mais sobrará deste orçamento para atividades prazerosas.
11. Crie uma rotina
De nada adianta pedir a ajuda do seu filho esporadicamente. Isso deve ser feito todos os dias e com paciência. Caso ele não queira fazer, não se irrite e espere. Cedo ou tarde, o jovem perceberá que a atividade cabe a ele.
12. Respeite a privacidade dele
Adolescentes adoram seus espaços. Os pais devem utilizar isso a seu favor. Por exemplo, na hora de guardar as roupas limpas no armário, diga que aquele espaço é só dele e, portanto, não quer invadir sua privacidade. Dessa forma, o adolescente se sentirá confiante, respeitado e, consequentemente, não deixará de fazer a tarefa.